No Clima da Caatinga: projeto inicia nova fase de conservação do semiárido com patrocínio da Petrobras

A Associação Caatinga, Organização da Sociedade Civil cearense, iniciou no mês de agosto a quarta fase do projeto “No Clima da Caatinga”, iniciativa patrocinada pela Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental. O projeto tem como intuito buscar a diminuição dos efeitos potencializadores do aquecimento global por meio da conservação do semiárido, a partir do desenvolvimento de um modelo integrado de conservação da Caatinga.

Na nova etapa, que terá a duração de três anos, o projeto, que atua no semiárido nordestino desde 2011, vai promover ações que vão desde a restauração florestal até a distribuição de tecnologias sociais de convivência com o semiárido e adaptação às mudanças climáticas.

A base central do trabalho realizado fica na Reserva Natural Serra das Almas (RNSA), unidade incluída na categoria Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN). Gerida pela Associação Caatinga desde 2000, a área possui 6.285 hectares de extensão e está localizada entre as cidades Crateús (CE) e Buriti dos Montes (PI). Ao redor da RPPN existem 40 comunidades rurais que abrigam cerca de 4 mil famílias.

O projeto prevê contribuir com o equilíbrio do clima, onde em fases anteriores houve o sequestro e emissão evitada de aproximadamente 615 mil toneladas de gás carbônico e a manutenção de serviços ecossistêmicos como a segurança hídrica na região. “O projeto tem contribuído para reescrever a relação do sertanejo com o bioma Caatinga, conservando a natureza. A ideia é estimular um desenvolvimento sustentável na região”, pontua o coordenador geral da Associação Caatinga, Daniel Fernandes.

Serão trabalhados sete eixos de atuação: gestão e criação de unidades de conservação, restauração florestal, educação ambiental, disseminação de tecnologias sociais de convivência com o semiárido, o fomento à pesquisa científica, incentivo a políticas públicas socioambientais, além de campanhas de comunicação. As ações voltadas para a linha de conservação estarão focadas no monitoramento e aprimoramento da gestão de cinco RPPN, que são áreas legalmente protegidas.

O “No Clima da Caatinga” também irá produzir e plantar cinco mil mudas de espécies nativas da Caatinga. A área beneficiada será a Reserva Natural Serra das Almas e escolas situadas em seu entorno. A unidade de conservação também será palco para pesquisas científicas que envolvem a observação de primatas e felinos de grande porte por meio de armadilhas fotográficas (câmeras ativadas por sensores de calor e movimento).

Já as ações de educação e conservação ambiental realizadas pelo projeto irão promover atividades contextualizadas para diferentes públicos, em especial para os de primeira infância e para as mulheres, estimulando empoderamento e ações empreendedoras. Serão produzidos materiais educativos sobre a Caatinga voltados para educadores. Também serão elaborados vídeos com imagens em 360º da RNSA e da exposição interativa “Caatinga – um novo olhar”, possibilitando disseminar conhecimentos sobre o bioma de forma lúdica para um universo maior de pessoas.

“O No Clima da Caatinga contribui para o incremento da resiliência e capacidade de adaptação de comunidades rurais à semiaridez e mudanças climáticas e ao mesmo tempo gera novas oportunidades de inclusão social, geração de renda e bem-estar de famílias do semiárido nordestino”, afirma Samuel Portela, coordenador técnico da Associação Caatinga.

Prêmios

O “No Clima da Caatinga” já foi agraciado com sete prêmios e reconhecimentos nacionais e internacionais. Em 2014, ainda na segunda fase, o projeto recebeu o título Dryland Champions, da UNCCD/Ministério do Meio Ambiente, pela relevância das ações de combate à desertificação. Ainda no mesmo ano, a iniciativa recebeu, da Presidência da República, o prêmio ODM Brasil, pela importante contribuição do projeto para o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio.

No ano seguinte, conquistou o prêmio Von Martius de Sustentabilidade, um dos maiores reconhecimentos na área ambiental do Brasil. Também em 2015, a proposta angariou o apoio do Fundo Socioambiental da Caixa Econômica Federal para recuperar nascentes do semiárido e desenvolver ações de reuso de água em pequenas hortas e pomares.

Nas primeiras fases, o projeto foi certificado duas vezes, em 2013 e 2015, pelo Banco de Tecnologias Sociais da Fundação Banco do Brasil, pela disseminação da técnica de gestão de resíduos sólidos e de fogões ecoeficientes.

Em 2019, foi um dos vencedores do prêmio “Experiências inovadoras para a promoção do desenvolvimento sustentável”, uma honraria organizada pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

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