A última semana não foi nada fácil para a agência de viagens Hurb. Em meio à polêmicas, o CEO da companhia, João Ricardo Mendes, pediu demissão do cargo.
A renúncia vem após diversas críticas de clientes em relação ao Hurb e a forma como o executivo lidou com as reclamações. O CEO chegou a vazar dados de clientes nas redes sociais.
O atual conselheiro geral Otávio Brissant assume o cargo de CEO interino e João Ricardo Mendes segue como principal acionista da empresa.
Confira a nota na íntegra:
“Nos últimos 14 anos, minha vida foi dedicada 100% ao tempo acordado com o Hurb Co. Acontecimentos recentes me mostraram a realidade de que o Hurb Co cresceu. Mais de 1600 famílias que dependem diretamente do nosso trabalho, os milhares de passageiros que dependem do nosso esforço diário para conseguirmos democratizar a viagem no Brasil, e as centenas de parceiros que tem seu pequeno, médio, ou grande hotel, muitas vezes dependem da nossa performance. Aliás, muitos hoteleiros nasceram por causa da nossa performance.
Esses recentes acontecimentos, na verdade, foram erros do “João Ricardo Mendes” e não de uma companhia inteira que é muito maior do que eu. Está claro que este acontecimento é um reflexo de mim – e as críticas que recebi são um forte lembrete de que devo mudar
fundamentalmente como líder e crescer.
Esta é a primeira vez que estou disposto a admitir que preciso separar o João “Pessoa Física” do João “Pessoa Jurídica”, pois estou prejudicando muitas pessoas, da mesma forma que eu dou meu melhor, fazendo muitas entregas, atitudes assim acabam se tornando um “zero sum game”.
Preciso de ajuda e aprender a como liderar um “Greyhound” (Navio da Marinha) e não mais um “Barco Pirata” e pretendo obter esse conhecimento, sei que isso não será do dia para a noite.
Dizer que estou envergonhado é um eufemismo extremo. Meu trabalho como líder é liderar, e isso começa com um comportamento que deixa nosso time e clientes orgulhosos. Não foi isso que fiz e não posso dizer que não vou manter certos princípios sagrados. São princípios dos quais nunca abrirei mão, mas que não podem prejudicar uma companhia que é, pelo menos, 1600x maior do que eu, digo princípios que fazem de mim quem eu sou, moldam meus valores e orientam minhas ações.
Aprendi que as pessoas são mais importantes do que o trabalho, e que preciso tirar uma folga do dia-a-dia para lamentar minha mãe, que enterrei há 18 meses, mas que sinto como se fosse ontem.
Me “enganei” achando que manter a cabeça ocupada com o trabalho resolveria essa minha questão pessoal – como dizem por aí, e, talvez para curar a dor de um amor verdadeiro, (ou minimizar essa dor), somente outro, e eu amo o que faço e, como disse, não desfoquei do trabalho um minuto sequer.
O Hurb é como se fosse um “filho” para mim, mas eu preciso de um tempo para refletir, para voltar a atenção para mim, e, quando me sentir melhor, voltar a focar na construção de uma empresa de Tecnologia de nível Global.
A responsabilidade final, por onde chegamos e como chegamos aqui, pesa sobre meus ombros.”
