A pandemia do coronavírus estimulou o consumo de álcool no Brasil. De acordo com o levantamento da Euromonitor, houve um crescimento de 5,3%
Segundo pesquisa feita pela Kantar, o consumo de cerveja atingiu a marca recorde de estar presente na rotina de 68,6% dos brasileiros maiores de 18 anos, entre o percentual estão mulheres gestantes. De acordo com o JAMA Network Open, o consumo de álcool por mulheres teve uma elevação de 19% durante o isolamento social (de 30 a 59 anos). O consumo de álcool deve ser desestimulado, principalmente, para pessoas que buscam engravidar e para as gestantes, tendo em vista que a bebida pode causar complicações no feto.
Uma das complicações mais conhecidas é a Síndrome Alcóolica Fetal (SAF), que é um conjunto de sintomas que são desenvolvidos pelo feto a partir do consumo de álcool da gestante. A absorção da bebida se dá apenas 1 hora após o consumo e, dessa forma, passa a influenciar o desenvolvimento do bebê. Ele atinge o cérebro e provoca diversas alterações.
“A SAF atinge diretamente o desenvolvimento do feto, além de afetar o cérebro, ele ainda causa alterações faciais, microcefalia, malformações no sistema nervoso, cardíaco, urinário, digestivo e no esqueleto. Mesmo sem alterações visíveis, aquele bebê também pode apresentar dificuldades cognitivas. Então, é importante dizer, que o consumo de álcool pode ser prejudicial em todos os estágios de uma gravidez”, Dr. Ricardo Martins, obstetra e especialista em medicina fetal.
Ao ingerir o álcool, ele entra na corrente sanguínea e vai para a placenta, nela ele não consegue ser metabolizado. Ainda não existem indicativos de quantidade segura para o consumo de bebidas durante a gestação, dessa forma, a recomendação é que a mulher se abstenha durante todo o período da gravidez para prevenir quaisquer efeitos da SAF. A Síndrome é uma das causas de déficit intelectual que podem ser prevenidas, buscar informação e seguir a orientação do seu ginecologista é um fator primordial.
“Muitas mulheres que estão tentando engravidar também são encorajadas a não fazer uso de bebidas alcoólicas pois é necessário preparar o seu corpo para a gestação e, muitas vezes, a mulher pode estar grávida sem saber que o consumo de álcool pode causar sérios riscos. O primeiro trimestre é um dos estágios mais delicados, é onde o seu bebê está desenvolvendo a medula, cabeça, membros, pulmão, coração e fígado”, comenta Dr. Ricardo Martins.
Tratamento
É necessário pontuar que a SAF não tem cura, apenas tratamento. Ele é feito por via medicamentosa e terapia comportamental. Com o acompanhamento médico e apoio familiar a criança pode amenizar algumas dificuldades causadas pela síndrome. Os pais, muitas vezes, precisam de treinamento para saber como lidar com alguma situações que possam surgir por conta da SAF.