Mesmo com a campanha Setembro Amarelo sendo encerrada no último dia 30, este é um tema que deve ser discutido durante o ano todo. Segundo estudo realizado pela Unicamp, 17% dos brasileiros, em algum momento, pensaram seriamente em dar um fim à própria vida e, desses, 4,8% chegaram a elaborar um plano para isso. Em muitos casos, é possível evitar que esses pensamentos suicidas se tornem realidade.
Como forma de contribuir com a campanha de conscientização sobre este importante tema, a Psicóloga do Hospital São Camilo Fortaleza, Beatriz Cavalcante compartilha algumas orientações e esclarece mitos e verdades sobre o assunto. “Existe um mito de que quando falamos sobre suicídio, você acaba atraindo, fazendo com que outras pessoas cometam o ato, mas isso realmente não é verdade. É importante que a gente fale sobre os meios de prevenção para que a gente consiga perceber quais são os sinais, quais são as pessoas que podem estar apresentando algum tipo de sofrimento emocional mais agudo a fim de identificar e conseguir fornecer o suporte adequado pro paciente, fazendo algum tipo de encaminhamento para um psicólogo ou uma avaliação psiquiátrica.”
Segundo a Psicóloga, quanto mais se fala, mais as pessoas que estão em sofrimento se percebem mais, com mais disponibilidade para procurar ajuda. “Se as pessoas que estão em sofrimento veem muitas outras pessoas falando sobre a prevenção do suicídio, elas não se sentem sozinhas e conseguem de forma mais fácil se abrir pra alguém desabafar e procurar ajuda”, conta.
No Hospital São Camilo Fortaleza existe um protocolo de prevenção ao suicídio, onde todo paciente que dá entrada por tentativa de suicídio é atendido por um profissional. “A gente oferece um suporte emocional e isso tanto para o paciente, quanto para o familiar. Para que a família também se sinta acolhida e consiga compreender a gravidade do ato daquela situação que infelizmente muitas pessoas ainda acham que é frescura ou é para chamar atenção”, explica Beatriz.
“A importância de um Hospital ter esse protocolo é para que a gente consiga estabelecer qual é o fluxo adequado para manejo desse tipo de demanda. A equipe fica instruída sobre como deve proceder”, acrescenta a psicóloga.
De acordo com Beatriz Cavalcante, outro mito é que a depressão é para chamar atenção. A especialista afirma que é importante destacar que nem sempre quem está em sofrimento psíquico vai dar sinais. Então é necessário estar atento se a pessoa dá sinais claros, mas se não, observar o afastamento, se algo mudou, perdeu o emprego, se terminou um relacionamento, mesmo que a pessoa acabe expondo que está bem, é importante perguntar.
“O suicídio é um acontecimento muito velado que as pessoas têm muito medo e muita vergonha, então é importante que a gente fale sobre os meios de prevenção”, conta. Outro mito, segundo a psicóloga, é que pessoas que estão em sofrimento psíquico não podem ter momentos felizes. “Por exemplo, a pessoa tem depressão, mas está viajando e postou uma foto sorrindo. É importante que a gente também possa estimular para que a pessoa tenha momentos felizes. Se ela estiver só deitada na cama chorando, é muito preocupante, é muito pior”, finaliza.