Em outubro, celebramos o Dia Nacional de Combate à Obesidade. No Brasil, de acordo com a pesquisa Covitel 2023, foi constatado que jovens com idades entre 18 e 24 anos estão sofrendo com um aumento alarmante de diagnósticos de obesidade, com um aumento de 90% em comparação ao ano anterior. O endocrinologista e professor do Instituto de Educação Médica (IDOMED), Rogério Couras, expressa sua preocupação com esse crescimento, que é predominantemente resultado do estilo de vida pouco saudável adotado pelos jovens, bem como de comportamentos prejudiciais que se desenvolvem desde a infância, frequentemente devido à permissividade dos pais.
“A obesidade é um somatório da herança genética com fatores ambientais. Infelizmente, a maioria da população mais jovem não se preocupa com as consequências, principalmente aqueles que têm maus hábitos. A conta um dia chega, e ela pode ser muito cara, pois a obesidade causa muitos prejuízos para a vida das pessoas, principalmente relacionados à saúde”, comenta o especialista.
Segundo ele, a falta de atividade física regular, o consumo desenfreado de fast foods, são os principais aspectos que explicam o cenário atual da obesidade entre os mais jovens. Operíodo de isolamento social causado pela pandemia contribuiu também para que os jovens ficassem mais sedentários, passando mais tempo em frente às telas, consumissem mais bebidas alcóolicas e mais alimentos industrializados e ultraprocessados. “Interessante é que estudos mostram que a obesidade pode ser uma das responsáveis pelo quadro de transtorno de ansiedade e depressão, que, em certas pessoas, agravam o quadro de compulsão alimentar”, completa.
Alimentação
O crescimento da obesidade no Brasil também é motivo de preocupação para a classe de nutricionistas. “Como se trata de uma condição crônica e multifatorial, é importante que compreendamos que ela é produto de um conjunto amplo de fatores que vão desde a questão da alimentação, da atividade física até questões relacionadas a fatores psíquicos e sociais”, alerta o coordenador do curso do UniRuy Wyden, Anderson Carvalho.
De acordo com o nutricionista, a abordagem profissional deve envolver um conjunto de condutas que afaste o estigma causado pela gordofobia, trabalhando a aceitação do corpo (e sua dinâmica de oscilação) como um elemento da vida, mas também o uso de ferramentas terapêuticas para controle do peso e fatores associados, onde se incluem as mudanças alimentares, sejam elas induzidas por planos alimentares mais controlados ou processos de educação alimentar e nutricional. “A ideia é que os hábitos alimentares sejam articulados com estilos de vida mais saudáveis, como a prática regular de atividade física supervisionada, uma relação mais harmoniosa entre tempo de tela e fora das telas e interações sociais presenciais com amigos e família, como o compartilhamento de refeições e o lazer”, conclui Carvalho.
Consequências
Ainda de acordo com a pesquisa, 8,2% dos jovens brasileiros de 18 a 24 anos diagnosticados com obesidade têm hipertensão e 2,2% já têm diabetes. “São as duas doenças mais comuns que são consequências da obesidade. A prevenção é fundamental para a saúde a longo prazo. Buscar perder peso de forma saudável, aderindo a um estilo de vida saudável, é o melhor caminho para reduzir significativamente os riscos”, finaliza Dr. Rogério.