Açaí nosso de cada dia: fruto com o jeitinho paraense de ser

O Pará é o maior produtor nacional de açaí distribuindo ao mercado nacional e internacional

Belém, Pará
Por Alessandra Fonseca

Se você quiser tomar um açaí incrementado com leite condensado, granola, frutas ou chocolates em Belém, esqueça. No Pará, açaí é servido na tigela em forma líquida, natural ou com açúcar, de preferência com muita farinha e acompanhado de um bom peixe frito.

O fruto típico da região amazônica é um dos maiores símbolos da regionalidade paraense, que muitos chegam a consumir todos os dias em suas refeições. Em contrapartida, o açaí se popularizou por todo o Brasil, podendo ser consumido nas mais diversas combinações. 

Antes de chegar à mesa dos paraenses, o açaí é tratado por meio da técnica do branqueamento, um método eficaz de diminuição das bactérias e eliminação do inseto barbeiro, o maior causador da doença de chagas na população. Segundo estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS), entre 6 e 7 milhões de pessoas são infectadas no mundo. O Ministério da Saúde avalia que até 4,6 milhões de pessoas são infectadas no Brasil. 

De acordo com o gastrônomo Bruno Morais, atualmente os batedores de açaí recebem treinamento contínuo para a higienização e controle do processo do fruto, que vai do beneficiamento até o seu consumo, o que favorece no aumento da qualidade do produto. Ele explica que, além do controle sanitário, o consumo do fruto é considerado um fortalecimento da cultura paraense.

“Acredito que o consumo do açaí no Pará é um fortalecimento da sua regionalidade, pois não perdemos a essência de como consumimos a fruta, não esquecemos as origens repassadas pelos nossos ancestrais e somos agraciados pelo consumo do açaí puro, fresco e genuinamente paraense”, afirmou. Bruno também comenta sobre as variações em outras regiões do Brasil e diz que não há forma certa ou errada de se degustar.

“Com certeza o sabor muda e cada região acolhe da forma como recebeu e como a sua população se acostumou, porém, não podemos esquecer que o açaí não é apenas um fruto consumido em nossa região, ele faz parte de uma cultura, e o seu comer também está inserido nisso, portanto a forma como ele é consumido também deve ser mostrado às mais diversas populações, sem detalhar o que seria certo ou errado”, ressaltou. 

Produção paraense

 Segundo a Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, o Pará é o principal centro de dispersão natural do açaizeiro, sendo encontrada em maiores quantidades na região do estuário do Rio Amazonas. A palmeira é um importante recurso vegetal, sendo fonte de alimento e renda para populações ribeirinha, além de ser a principal matéria-prima para a agroindústria de palmito no Brasil, ainda de acordo com a Embrapa. Do açaizeiro, o apanhador escala o açaizeiro para coletar os cachos de açaí, sendo feita a seleção manual dos caroços. 

Créditos: Arquivo pessoal

O Pará é o maior produtor nacional de açaí, com volume anual de 1.320.150 toneladas de frutos e área plantada superior a 188 mil hectares, de acordo com dados da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca do Pará. Somente em 2018, o estado registrou R$788,4 milhões de reais em produtos originados do beneficiamento do açaí comercializados com destino aos mercados nacional e internacional.

Açaí é vida!

A nutricionista Danielle Farias afirma que o açaí é fonte de vitaminas (A, E, D, K, B1, B2, C), minerais como cálcio, magnésio, potássio e ferro, além de aminoácidos, antioxidantes e óleos essenciais. “Cada 100 gramas de açaí puro contêm 58 calorias. Além dos polifenóis, o açaí contém antocianinas que também agem como antioxidantes e contribuem para regular os níveis de colesterol. A fruta ainda melhora a circulação sanguínea”, falou. 

De acordo com Danielle, o açaí é um prato completo, rico em nutrientes, porém não deve ser consumido em excesso. “A gente deve também atentar para a forma de preparo e todos os acompanhamentos, sejam eles açúcares, xaropes de guaraná, farinha e outros tipos de alimentos que podem estar presentes também no açaí. Por isso é muito importante pensar que não se torna saudável comer o excesso de açaí e também não é saudável faz apenas o açaí como a base da alimentação”, concluiu.

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