Grupos No barraco da Constância tem! e Teatro Máquina iniciam gravações do projeto RESUMO DA ÓPERA

De 16 a 19 e 23 a 26 de Setembro, o projeto “Resumo da Ópera: da arquitetura de uma nação à invenção de um outro Guarani”, idealizado pelos grupos No barraco da Constância tem! e Teatro Máquina, inicia a fase de captação de imagens após meses de preparação, entre pesquisa, ensaios e encontros virtuais-colaborativos. 

Por sua relevância na história artístico-cultural de Fortaleza e por se tratar do monumento que leva o nome de um dos principais autores romancistas/nacionalistas, o Theatro José de Alencar (TJA) se tornou uma escolha necessária para sediar e pensar artisticamente o novo projeto. O equipamento estará fechado para as gravações e em breve realizará as primeiras exibições.

O “Resumo da Ópera” iniciou suas primeiras ações no início do ano de 2021, apoiado pela Secretaria Estadual da Cultura, através do Fundo Estadual de Cultura, com recursos da Lei Federal Lei Aldir Blanc. O projeto com a direção de Honório Félix (No barraco da Constância tem!), conta com uma equipe de 32 profissionais envolvendo linguagens artísticas como literatura, teatro, música, audiovisual, artes visuais, além de pesquisadores das áreas de história, arquitetura e antropologia.

Na contramão de uma provável homenagem, o trabalho livremente inspirado no “O Guarani” – romance de José de Alencar – e “II Guarany” – ópera de Carlos Gomes, instiga a crítica e busca desmontar a ideia de simbolismo nacional propagada, a exemplo dessa criação operística, que completou 150 anos em 2020. Marcando a fase indianista no romantismo brasileiro e projetando os primeiros passos rumo à invenção do que seria a identidade nacional do povo brasileiro, obras como essa são, ainda hoje, símbolos que se perpetuam no nosso imaginário, com forte apelo e identificação popular. 

            Para essa releitura, os grupos traçam uma linha paralela com o gênero de ficção científica de produções cinematográficas, explorando principalmente as estratégias simbólicas das potências mundiais para a romantização de suas colônias e explorações espaciais. Outras fontes de investigação foram obras do gênero space-opera, clássicos filmes de guerra e a construção dos seus heróis, a conquista-invasão de territórios, o apagamento da diversidade de povos em nome de um projeto único de nação e, principalmente, as ferramentas sócio-culturais (Artes e Comunicação, dentre outras) utilizadas e financiadas para a difusão em massa de todas essas práticas.

Como se cria uma identidade? Quem financia? A quem serve?  São algumas perguntas que orientam o projeto e que buscam despertar no público uma atualização do pensamento sobre a arquitetura da identidade nacional a partir da chegada dos europeus em terras indígenas, hoje Brasil.

ENCONTROS COLABORATIVOS

            Para a pesquisa e montagem, os grupos convidaram alguns pesquisadores/colaboradores de distintas áreas para a conduzir momentos de produção e partilha de saberes acerca das temáticas que permeiam o processo de construção da obra cênica. Foram eles: Alexandro Silva de Jesus (PE), Cacique Pequena (CE), Érica Zíngano (CE), Kaká Werá (SP) e Marcos Felipe Vicente (CE). Cada um deles, a partir da sua área de pesquisa e/ou pertencimento identitário, dialogou e apresentou considerações e perspectivas a partir das questões presentes no trabalho. Todos os encontros estão disponíveis no canal do Youtube do Theatro José de Alencar para apreciação de interessados.

O GUARANI – A OBRA

O Guarani, foi uma obra publicada inicialmente no formato de folhetim e que se torna oficialmente um livro em 1857. Ela narra a história em torno do romance de Ceci (branca e fidalga), o índio Peri e todos os conflitos gerados por essa relação no período da colonização, no início do século XVII, no interior do Estado do Rio de Janeiro, em uma fazenda às margens do rio Paquequer. 

Com forte apelo nacionalista, característica já marcante do estilo de José de Alencar onde o tema principal é o Brasil, o Guarani tenta apresentar o que é típicamente brasileiro, voltando o olhar para a relação colonizado e colonizador (representados no romance pela relação de Peri e Ceci). A obra faz parte do projeto ideológico e estético do autor cearense e se relaciona à expressão do nacionalismo romântico.

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Com as limitações impostas pela pandemia da Covid-19, o projeto passou por reformulações necessárias para garantir a segurança de todos os envolvidos e ao mesmo tempo manter seu propósito artístico. O resultado final desse esforço será um trabalho híbrido entre teatro e audiovisual, que logo em breve, parte desse resultado será apresentado durante dois dias no Theatro José de Alencar para público limitado, seguindo todos os protocolos de saúde recomendados. Mais informações sobre as apresentações serão divulgadas em breve.

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